A Poetisa Descia A Rua. Sozinha. Era Noite. 21:00.

Flor Bela Sabia Que Uma Mulher Não Devia Sair Sozinha À Noite.

No Entanto, A Sua Paixão E A Sua Insatisfação Davam-Lhe Nervoso Miudinho. Precisava Estar Em Movimento. Libertar A Energia Que Tinha Dentro De Si.

Não Tinha Medo. Sabia Que Bastava Olhar Com Intensidade Para Afastar qualquer predador.

Trazia O Cabelo Preso. Casaco Comprido Preto, Cintado. Botins Pretos e Cinzentos.

A Sua Passada Era Regular, Elástica. Tinha Uma Perna Ligeiramente Mais Comprida Que A Outra, Fazendo Com Que Tivesse Um Andar Gingão.

Flor Bela Estava Atenta Aos Seu Passos, Observando Que O Seu Coração Batia No Mesmo Ritmo. Por Isso Gostava Tanto De Andar.

A Certa Altura Pára E Liberta O Cabelo Comprido. Suspira De Alívio.

Gostava De Se Sentir Livre.

O Seu Olhar Era Selvagem. Cheio de Paixão. E Ao Mesmo Tempo Tristeza.

Acende Um Cigarro. Trava O Fumo. O Cigarro Alivia-Lhe Momentaneamente A Dor.

Flor Bela Como Que Sentia Uma Estaca Permanentemente Espetada No Seu Coração.

Encontrava Alívio Na Sua Escrita, A Cantar Com A Sua Voz Cristalina E A Dançar Na Sua Privacidade.

A Sua Escrita Era Ora Ultra-Romântica, Ora Mordaz, Ora Irónica, Ora Cheia De Humor.

Consoante O Seu Estado De Espírito.

Flor Bela Adorava Cerejas.